Baudelairiando



Dezembro. Estou à mesa de um bar.

O tempo transborda e já posso sentir as partículas ácidas inundarem em corrente meu corpo e minha alma.

Sorrio. O amigo ao meu lado também sorri. Compartilhamos a mesma sensação. O corpo se torna mais sensível... Em breve os músculos do rosto pedirão um minuto de paz, doloridos de tantas risadas que são obrigados a suportar. Se é verdade que rir é o melhor remédio, nesta noite estaremos nos curando de todos os males. Mesmo daqueles que não nos pertencem.

Outro bar... Mais risos... Uma euforia vibrante, forçada a se conter, compactada no frasco pequeno do corpo. Irradia...

Meus olhos percorrem outras mesas. Os ouvidos recolhem sons de conversas alheias e das nossas próprias. Observo. Faço anotações mentais.
Uma mulher me olha. Está acompanhada. Retribuo o olhar, provoco, invado seus pensamentos. Não sei se tenho direito de abalar os pensamentos alheios... Mas já é tarde! Ela pensa no olhar oferecido. O homem ao seu lado é velho, barrigudo, de uma barbicha ridícula. Mas há status. Ele representa conforto. Ela, beleza. Sente vontade de mim... Flerta... Agora já invade meus pensamentos também...

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AUTOR: Sávio Damato

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